Testes de Facebook costumam fazer sucesso, e há bons motivos para isso. Eles são cuidadosamente criados para incitar a curiosidade, e o exemplo mais recente é um teste de um site chamado Kueez que converte os rostos para o gênero oposto usando a tecnologia de um aplicativo sobre o qual o Olhar Digital já falou no passado: o FaceApp.

O sistema em questão puxa a sua foto de Facebook e, graças a um intenso treinamento de uma inteligência artificial, a máquina é capaz de identificar os fatores marcantes do seu rosto e misturá-los com características do gênero oposto para criar um rosto novo, mas bastante similar ao seu. Não há como negar que o resultado é impressionante, mas será que realmente é uma boa ideia usar esse recurso?

Para descobrir isso, fomos analisar a política de privacidade do site Kueez, operado por uma empresa identificada como Yoto Media Group, onde há alguns pontos suspeitos que, se fossem apresentados de forma mais clara aos usuários, poderiam desencorajar o compartilhamento de informações por parte dos usuários.

Entre os artigos suspeitos que encontramos na política de privacidade estão:

  • “Nós podemos compartilhar informações agregadas dos nossos usuários, após excluir as partes identificáiveis, com determinadas empresas que tiverem o interesse em oferecer a você certos conteúdos promocionais que possamos achar relevantes para você”
  •  “Nós podemos compartilhar suas informações pessoais parcial ou integralmente com nossas subsidiárias, outros sites operados por nós, joint ventures e outros afiliados confiáveis que nós temos ou possamos vir a ter no futuro”
  • “De acordo com o nosso Termo de Serviços, podemos usar o conteúdo enviado por você (incluindo suas fotos e de outras pessoas vinculadas à sua conta no Facebook) para aparecer como parte integral de partes dos serviços que oferecemos (por exemplo, sua foto pode aparecer em alguns quizzes ou games até mesmo para pessoas que você não conheça).

O que o documento nos informa é que a empresa pode compartilhar informações com outras empresas para fins comerciais. Além disso, a Yoto afirma que pode usar sua foto em outros jogos no futuro, sem pedir sua permissão, exibindo-a inclusive para pessoas que você não conhece.

Para completar, o teste ainda pede uma série de permissões à sua conta no Facebook. Se o usuário não editar essa configuração, o aplicativo ganha acesso a:

  • Seu nome;
  • Sua foto de perfil;
  • Idade e data de nascimento;
  • Endereço de email;
  • Todas as suas fotos (as que você carregou e as que você está marcado);
  • Envio de notificações pelo Facebook para você.

Se você é uma das pessoas que concedeu acesso irrestrito do Kueez ao seu Facebook, você pode minimizar o estrago acessando suas configurações de aplicativos por este link, onde é possível remover todas as permissões concedidas ao app. Para fazer isso, basta pressionar o “X” ao lado do Kueez como mostra a imagem abaixo.

Reprodução

Agora fica a seu critério. Vale a pena repassar todos esses dados para uma empresa desconhecida em nome de uma brincadeira de Facebook?

ATUALIZAÇÃO

Diante da repercussão deste artigo, representates do site Kueez entraram em contato com o Olhar Digital para afirmar que não guardam informações pessoais das pessoas que fazem os testes na página.

“O Kueez não armazena nenhuma informação pessoal sobre o usuário. O que nós guardamos é ID de usuário, email, nome e resultado da foto para oferecer uma experiência melhor de usuário (como recomendações), o que é padrão. O propósito do Kueez é gerar um resultado personalizado, e, portanto, precisamos de acesso a alguns dados que são fornecidos por meio do plugin do Facebook e totalmente de acordo com as políticas do Facebook. É importante notar que as permissões que pedimos são baseadas no próprio quiz.

Por exemplo, nós precisamos de sua foto pessoal para modificá-la e apresentar uma versão sua com o gênero oposto. Se o quis é sobre signos do zodíaco, nós pediremos pela sua data de nascimento. A informação é apenas voltada para uma melhor experiência de usuário – todas as informações são usadas para a criação do resultado e nós não as armazenamos.”

 

Olhar Digital